Série aborda a invisibilidade materna com fotografias impactantes
Foi inspirada numa antiga e um tanto bizarra tradição que a fotógrafa americana Megan Jacobs criou sua impactante e simbólica série Hidden Mothers
(Mães escondidas). Em nome da linhagem de mulheres fortes, verdadeiras
“matriarcas e feministas” que formaram sua família, Megan partiu de uma
técnica utilizada desde o advento da fotografia até meados dos anos 1920
para falar sobre maternidade, identidade feminina e a “invisibilidade”
da mulher hoje, através de seu ensaio.
Em 2013, o livro The Hidden Mother,
organizado por Linda Fregni Nagler, reuniu mais de 1000 imagens de
bebês tiradas nos primórdios do surgimento do fotografia, na era
vitoriana, todas tendo em comum o fato da mãe de cada um dos bebês ter
sido de certa forma “apagada” da imagem – quase sempre por um véu ou um
tecido como cobertura que a “camuflava”. A razão para tal assombrosa
técnica era que sem a mãe era impossível manter um bebê parado, posando
para a fotografia.
Exemplos de fotos com as “mães escondidas” da era vitoriana
Claro
que o aspecto simbólico de tal gesto não passou desapercebido para
Megan, que viu nessa estranha técnica uma metáfora para como a mulher, e
em especial as mães, são socialmente tratadas – e, muitas vezes, são
justamente tornadas invisíveis. O tabu a respeito da amamentação em
público, a maneira com que a identidade pessoal da mulher parece se
dissolver na hora em que ela se torna mãe, as diversas culpas e pressões
que a maternidade pode trazer, tudo isso parece estar simbolizado por
essas “mães escondidas” do passado, como uma espécie de raiz de tais
questões hoje – trazidas à luz pelo pungente trabalho de Megan, que
justamente transforma as mães “escondidas” em algo visível e importante
de ser visto.
© Fotos: Megan Jacobs
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