A escola indiana onde ‘ensinar’ felicidade é mais importante do que matemática
Boas
vidas com grandes realizações são construídas sobre felicidade pessoal e
inteligência emocional, duas coisas negligenciadas pela educação
tradicional. Pelo menos é o que pensam os idealizadores da Riverbend
School, uma escola na Índia que pretende formar alunos felizes e aptos
para melhorar o mundo.
O
projeto é de Vivek Reddy e Kiran Reddy, que têm experiência no
empreendedorismo e agora buscam levar novos conceitos para a educação.
As palavras de Kiran sobre a escola são profundas:
“Penso
que, num ponto de vista ocidental, você tende a acreditar que o
ambiente controla sua felicidade. Logo, você tenta controlar seu
ambiente. Numa filosofia oriental, você tende a acreditar que você
controla a felicidade através de sua mente – no modo como percebe as
coisas -, então é possível desconectar o ambiente de sua felicidade.
Idealmente, é isso que queremos ensinar às crianças”, declarou.
Na
Riverbend, em vez de seguir um currículo tradicional, os próprios
alunos poderão decidir o que querem aprender. “O dia pode começar com
meditação ou basquete, seguido por uma manhã reprogramando um software
ou recitando poemas clássicos indianos, um almoço com os amigos e uma
tarde trabalhando numa incubadora de negócios dentro do campus”, dizem
os idealizadores.
Os
educadores vão focar na mentoria dos estudantes, ajudando-os a aprender
a pensar de forma independente. O objetivo é ensinar a aprender sobre
os assuntos que interessam a cada aluno, e depois integrando esse
conhecimento a uma gama mais vasta de matérias.
“Se
você pensa em escolas tradicionais, a prioridade é a aquisição de
conhecimento – encher a cabeça das crianças com informação, depois
habilidades, e, com sorte, talvez sua escola se importe com a
personalidade, o caráter e o tipo de pessoa que você é”, diz Danish Kurani, responsável pelo projeto arquitetônico da escola.
“Eles
me disseram que querem inverter o modelo”, conta ao explicar a proposta
de Vivek e Kiran. “Vamos focar primeiro e principalmente no caráter dos
estudantes e em sua personalidade. Queremos cultivar crianças felizes,
pessoas compassivas, que vão sair para o mundo e fazer algo bom”.
O projeto de Kurani é inspirado em um estudo de Harvard
sobre a felicidade, que aponta serem as fortes relações interpessoais a
chave para a felicidade. Ao pesquisar e descobrir que o formato das
aldeias tende a formar relações mais sólidas, ele decidiu fazer com que o
campus imitasse uma aldeia.
No
centro de tudo fica o espaço de convívio comum, rodeado pelo ambiente
acadêmico. No anel exterior ficam os dormitórios (pois os alunos
passarão toda a semana na Riverbend) e quadras e jardins para estimular a
diversão.
“A escola é centrada em
torno de uma praça central pública e tem espaços para estudar, brincar,
refletir, viver e plantar. Todo aspecto do projeto encoraja a
socialização”, diz Kurani.
Os
responsáveis pelo projeto, que começará a ser construído ainda em 2018 e
tem previsão de inauguração para 2020, ainda estão trabalhando para
resolver o descompasso entre seu modelo e as leis educacionais indianas.
Eles entendem que não será uma escola para todos, mas que pelo menos
alguns se identificarão com a filosofia.
“As
pessoas buscam universidades e carreiras bem sucedidas porque, no fim
das contas, querem ser felizes. Pode ser que faça sentido focar nesse
objetivo de forma mais direta”, conclui Kiran Reddy.
Fotos: Divulgação/Kurani
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