Catadores são responsáveis por 90% do lixo reciclado no Brasil, aponta IPEA
Os catadores de lixo estão em todos os cantos de
todas as cidades ao redor do Brasil. E não tem época do ano em que esse
importante trabalho fica mais em evidência do que o carnaval. Só no Rio
de Janeiro, no carnaval deste ano, foram 400 toneladas de lixo
recolhido pela Comlurb, 30% a mais que em 2017.
Seja em bairros
nobres, humildes, comerciais, nas grandes capitais ou nos interiores, os
trabalhadores arrastam seu carrinho com uma série de produtos deixados
para trás pela sociedade e, com criatividade e esforço coletivo, dão a
eles novas funções.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, há 800 mil profissionais do tipo em atividade no país e aproximadamente 85 mil associados ao Movimento Nacional.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que os catadores são os responsáveis por cerca de 90% do lixo reciclado no Brasil. Só em São Paulo, 20 mil toneladas de lixo são produzidas diariamente.
Ainda
no carnaval deste ano, em Recife, catadores recolheram 30 toneladas de
lixo reciclável das ruas. Em Belo horizonte teve até o ‘Bloco dos
Catadores’, iniciativa que ajudou a distribuir os profissionais pelos
principais blocos da cidade.
Em São Paulo, a terça-feira de
Carnaval foi marcada por um protesto da categoria, que reivindicava
melhores condições de trabalho da Prefeitura.
Catar
lixo não é primeira opção de ninguém. A maioria utiliza a função como
via de escape para vencer o desemprego, que atinge mais de 12 milhões de
pessoas em todo o país atualmente.
Um deles é Euclides Filomeno, que já tem idade superior ao que o brasileiro médio tem como expectativa de vida, 76 anos, e segue dando duro todos os dias. “Eu chego aqui 7h30, pego a carroça e vou até as 17h”, disse ele ao site Observatório do Terceiro Setor. Euclides sai do Jardim São Luiz, na zona sul, para pegar seu material de trabalho em Pinheiros, na zona oeste.
Pimp My Carroça
O Pimp My Carroça,
movimento que promove a visibilidade dos catadores, realiza ações
criativas com o uso do grafite para melhorar a autoestima desses
trabalhadores. Só em 2016, o projeto esteve em Cuiabá, São Paulo,
Bragança Paulista, Brasília e Manaus.
Nos eventos, carroças,
bicicletas, charretes e outros meios que os catadores usam para realizar
o trabalho são restaurados e personalizados.
“A arte faz com que o catador fique menos invisível na sociedade e causa conscientização nas pessoas”, comentou Aline Silva,
de 27 anos, que auxilia na administração do projeto. “Alguns
(catadores) chegam aqui e falam ‘futuramente quero ter meu próprio ferro
velho’. Tem catador que possui uma equipe com 2, 3 carroças. É uma
visão empreendedora”, garante ela.
O projeto brasileiro inspirou a criação de ideias semelhantes pelo mundo. 12 países já desenvolveram iniciativas inspiradas no Pimp My Carroça, o que é resultado de uma disseminação, segundo Aline, feita por meio do “boca a boca”.
“Um dos eventos, que aconteceu no Afeganistão, foi por conta de outro representante do Pimp My Carroça da Colômbia. O artista do Afeganistão gostou da ideia e realizou o evento”, afirmou ela.
O próximo passo é modernizar o processo de comunicação. O aplicativo Cataki, disponível para iOS e Android, foi desenvolvido pelo Pimp My Carroça
para servir como meio de contato entre o catador e o gerador de
resíduos. A ferramenta, que permite encontrar o profissional mais
próximo para fazer o descarte do material, venceu neste mês, em Paris, o
Grande Prize da Netexplo/UNESCO. Eram mais de 2000 iniciativas de
inovação do mundo todo.
Como se não bastasse, o Pimp My Carroça também criou uma loja online
com quadros, réplicas de carroças e adesivos, tudo para celebrar os
cinco anos do projeto e arrecadar fundos para ideias que vão garantir um
futuro mais sustentável e, quem sabe, de maior valorização desse setor.
Fotos: Reprodução e Pimp My Carroça
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